Kiluanji Kia Henda expõe “O Som é o Monumento”, em ritmo contra o fascismo
O Monumento aos Mortos da Grande Guerra, em Luanda, ou Maria da Fonte, como também ficou conhecido, representa uma das maiores construções da ocupação portuguesa em África, demolida com dinamite em 1976, um ano após a Independência de Angola. A sua história inspirou o artista Kiluanji Kia Henda a criar “uma série de colagens digitais, a partir de imagens documentais dos fragmentos do monumento e dos soldados angolanos e cubanos que participaram na sua destruição”.
O resultado expõe-se em “O Som é o Monumento”, mostra inaugurada no passado dia 7 de Junho, nas antigas piscinas de São Paulo, em Almada.
Patente até 15 de Novembro, a exposição apresenta um “conjunto de oito posters de bandas musicais fictícias, impressos em escala monumental”, a que se junta, no centro da piscina principal, “a obra "O Som é o Monumento"”.
Trata-se de “um plinto geométrico que reinterpreta a forma de um pedestal, transformando-o numa caixa acústica”, criada para difundir “um repertório de músicas angolanas, que constroem contranarrativas sonoras ao discurso colonial e imperialista, afirmando a música como veículo de memória, identidade e insurgência cultural”.
Esta caixa de ritmo contra o fascismo reproduz o efeito gerado pela dinamitação daquela construção colonial, que resultou “na dispersão de grandes blocos de pedra esculpida, embora o pedestal original tenha permanecido intacto".
Segundo comunicado da Câmara Municipal de Almada, "através desta operação estética e simbólica”, Kiluanji “ressignifica os escombros do passado como matéria de invenção e resistência, propondo uma reflexão crítica sobre novas formas de celebrar e reinscrever a memória no espaço público, onde o som – a música – assume o lugar de monumento".
Para conferir de quinta-feira a sábado, das 14h às 18h.
Morada: Rua Leonel Duarte Ferreira, 4, Almada